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  1. Significado
    16 Atividades
  2. Coerência
    16 Atividades
  3. Ética
    16 Atividades
  4. Perspectiva Global
    16 Atividades
  5. Avaliação
    1 Teste
modulo 3, Atividade 13
Em andamento

13. Dilemas éticos e polaridades na profissão de professor 3

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O que o caso da atividade anterior te despertou? Quais são as necessidades envolvidas naquele diálogo? Como sustentar ambas?

Este último dilema que apresentamos a você, a seguir, pode ser lido a partir de muitas perspectivas: das dinâmicas familiares, do compromisso dos professores com seus alunos, da relação família-escola… Sinta-se livre para explorá-lo por vários pontos de vista, procurando refletir sobre as polaridades que se mostram ali presentes. Registre suas ideias em seu caderno.

Clara contou sua conversa com André. Discutira com o pai quando este voltara do trabalho de segurança de uma casa noturna, às duas da manhã. O pai havia ficado furioso porque o menino não tinha feito algumas tarefas de casa; além disso, teria de assinar mais uma advertência enviada pela coordenadora. Durante a discussão, deu-lhe um tapa que jogou-o no chão. Para amortecer a queda, André usou as mãos e aí sentiu uma dor horrível. A mão inchou e o pai levou o garoto ao pronto socorro, onde a fratura foi identificada e a mão, engessada. […]

As duas professoras argumentaram que estavam cientes de que o pai de André era policial, mas ele tinha agredido o garoto e a escola deveria denunciá-lo ao Conselho Tutelar para proteger as crianças de maus-tratos e outras ações de violência.

Isabel [a diretora], então, relatou detalhes da conversa com o pai do menino em outra ocasião. Ele lhe contou que a mãe de André e Isabela havia se apaixonado por outro homem e abandonado à família quando a menina tinha apenas 2 anos e o garoto, pouco mais de 9. Desde então, ele cuidava das crianças e fazia o máximo esforço para que ambos tivessem uma boa educação porque sabia que corria riscos em sua profissão. Se fosse vítima de algo grave, não teria condições de cuidar deles até a vida adulta. […]

Quando Maria e Clara [as professoras de André] estavam deixando a sala da diretora, ela acrescentou que a família do pai morava fora de São Paulo e que não havia contato com os parentes da mãe. Caso o pai perdesse a guarda das crianças, elas seriam colocadas em um abrigo para menores. […]

A professoras precisavam decidir se denunciariam ou não o pai de André e Isabela ao Conselho Tutelar. A denúncia resultaria em uma investigação na corporação, com risco de culminar em expulsão. Desempregado, poderia perder a guarda das crianças e, como o paradeiro da mãe era desconhecido, elas seriam levadas para um abrigo. Ainda que o Conselho Tutelar resolvesse manter as crianças com o pai, no caso de provar-se que elas não corriam riscos, ele perderia as bolsas e elas não poderiam continuar na escola. Porém, não denunciar significava deixar as crianças à mercê de uma pessoa violenta que poderia voltar a agredir André e até mesmo Isabela.

Fonte: Katherine K. Merseth (coord.) Instituto Península (org.) Desafios Reais do Cotidiano Escolar Brasileiro: 22 dilemas vividos por diretores, coordenadores e professores em escolas de todo Brasil. São Paulo, Moderna, 2018. Páginas 151 a 154.