24. Princípios que fundamentam as relações de acolhimento em sala de aula
Vimos, nas atividades anteriores, que a escuta sensível é uma característica em comum entre as diferentes práticas e ferramentas para o acolhimento e bem-estar. Há outro ponto importante em comum: um conjunto de princípios que sustentam e articulam todas essas propostas e ferramentas.
Assim, diários de aprendizagem, assembleias escolares, projetos de aprendizagem, aprendizagem cooperativa, escuta sensível e rodas de conversa são práticas sustentadas por 3 princípios em comum que permeiam e se manifestam em uma cultura de acolhimento: ético, estético e político.
Ético, porque são práticas comprometidas com uma atitude de acolher o outro legitimamente em suas diferenças, seus modos de viver, sentir e estar na vida. Estético, porque partem do pressuposto de que as soluções não estão prontas e de que precisam ser criadas a partir dos encontros, da inclusão da diversidade e das possibilidades singulares de cada contexto. E político porque entendem que acolher na diferença requer um compromisso com a construção de coletivos implicados com o fortalecimento do protagonismo dos diferentes, em suas diferenças. Para a efetivação desse princípio é necessário utilizar estratégias participativas, com a construção de grupos comprometidos com o compartilhamento de ideias e decisões.
Vamos observar como esses princípios estruturam as diferentes práticas que analisamos durante o curso? Vejamos, por exemplo, a roda de conversa:
Em sua dimensão ética, a roda de conversa tem como regra a proposta da formação de um grupo que contempla a diversidade das crianças ou adolescentes que fazem parte de uma turma. Essa diversidade é afirmada, no decorrer da atividade, mediante a intervenção do professor, que garante a oportunidade de cada aluno se expressar legitimamente. O professor, como mediador da roda, também atua o tempo todo para que os alunos possam se relacionar com os outros e seus diferentes pontos de vista de modo inclusivo e, portanto, não desqualificante.
Em sua dimensão estética a roda de conversa, ao incluir as diferentes vozes, cria a oportunidade de produção de conhecimento novo e ele é permeado por elementos sensíveis, já que inclui e legitima a livre expressão das crianças e adolescentes.
A dimensão política da roda, por sua vez, está presente já na organização, que sempre se dará a partir de um grupo de alunos, dispostos em círculo, com direito à fala e à escuta. É uma organização que, desde o formato, dá total visibilidade a todos de participar e criar com suas diferenças.
Que tal fazer esse mesmo exercício com outra das ferramentas que analisamos juntos neste curso, observando-a a partir dos princípios ético, estético e político?
É só escolher uma, e começar!