8. Roda de Conversa: uma ferramenta para favorecer as trocas de ponto de vista e a cultura de acolhimento
Agora, você é nosso convidado para se aprofundar em uma ferramenta importante para a construção de uma cultura de acolhimento: as rodas de conversa.
Já falamos da roda de conversa como uma ferramenta que favorece a construção de um grupo que caminha em direção a um mesmo propósito. E como isso acontece?
Através de um processo de escuta sensível e da inclusão de diferentes pontos de vista. A roda pede um arranjo circular, pois nela não há hierarquia e, somado às intervenções do professor, favorece que todos se coloquem e se escutem. O julgamento entre “certo e errado”, “concordo ou não concordo” é substituído pelo reconhecimento dos diferentes pontos de vista e da construção de um posicionamento comum que os inclui.
Incluir os diferentes pontos de vista implica na percepção de que existe um outro e que esse outro é diferente de mim e pressupõe uma postura empática nas relações que se estabelecem na sala de aula.
Como isso acontece?
Vamos compreender essa questão usando uma figura.
Que animal você vê na imagem abaixo?
Fonte: artista desconhecido
Você vê um pato ou um coelho? O que te fez perceber que sua resposta não era a única? Não por acaso esta imagem é conhecida como pato-coelho. Desde a sua criação por um artista desconhecido na década de 1890, ela desperta admiração e reflexão.
Se a imagem é nova para você mas ao mesmo tempo você sente que já a tinha visto antes, pode ser que esse encontro tenha se dado no livro infantil Pato! Coelho!, de Amy Krouse Rosenthal. Aliás, se você trabalha na Educação Infantil ou nos anos iniciais do Ensino Fundamental, esse livro é uma boa sugestão para dar início a uma interessante roda de conversa para apoiar as crianças no entendimento de que pontos de vista diferentes podem, sim, coexistir.
Vamos ver isso na prática? A empatia é um componente fundamental das relações de cooperação, diálogo e acolhimento, e há 3 grandes hipóteses que explicam sua presença, em cada um de nós:
3 hipóteses sobre a empatia:
A empatia é inata;
A empatia é co-construída no contexto de relações;
A empatia é em parte inata, em parte co-construída.
Vamos observar como educadores que trazem em si essas diferentes hipóteses conseguem construir uma posição em comum a partir da conversa e do diálogo? Assista o vídeo abaixo: “A empatia na educação de crianças e jovens transformadores”, do grupo ASHOKA, a partir do roteiro a seguir:
- Observe como as 3 diferentes hipóteses sobre a empatia coexistem e, aos poucos, se relacionam.
- Anote algumas ideias sobre a empatia.
- Agora reflita: como uma roda de conversa pode favorecer a construção de relações de empatia?
Você sabia que há três grandes princípios que organizam rodas de conversa como estas? Tratam-se dos princípios ético, estético e político. Ético, porque está comprometido com uma atitude de acolher o outro legitimamente em suas diferenças, seus modos de viver, sentir e estar na vida; estético, porque parte-se do pressuposto de que as soluções não estão prontas e de que estas precisam ser criadas a partir dos encontros, da inclusão da diversidade e das possibilidades singulares de cada contexto; e político, porque acolher na diferença requer um compromisso com a construção de coletivos implicados com o fortalecimento do protagonismo dos diferentes, em suas diferenças, e, para a efetivação desse princípio deve-se utilizar de estratégias participativas, com a construção de grupos comprometidos com o compartilhamento de ideias e decisões. Que tal conhecê-los de perto no Guia de Orientações de Acolhimento aos Professores?