12 – Círculos restaurativos: uma ferramenta para atuar diante de problemas de convivência
Os círculos restaurativos são uma ferramenta para favorecer a comunicação e a construção coletiva da paz entre um grupo de pessoas.
De acordo com Kay Pranis, sua origem se confunde com a origem da humanidade, nas infindáveis situações em que as pessoas se reuniam em torno do fogo para resolver problemas e encontrar pontos de vista e valores em comum que permitissem superar desavenças.
Como os círculos restaurativos funcionam?
Essa ferramenta se estrutura conforme a tradição dos povos originários norte-americanos: um bastão de fala era usado para marcar a alternância entre fala e escuta nas trocas que aconteciam na roda.
No livro Processos circulares de construção de paz, Kay Pranis nos explica que os círculos restaurativos são um modelo de comunicação em grupo no qual todos se sentam frente a frente, podem se olhar nos olhos e se escutar com clareza: por isso a imagem do círculo.
Uma pessoa fala de cada vez, e a oportunidade de falar se move sequencialmente ao redor do círculo, usando um objeto de fala. Cada pessoa espera para falar até receber o objeto. Nos círculos restaurativos não se interrompe a fala do outro.
Esses cuidados dão corpo aos princípios de conexão, igualdade e compartilhamento de poder ao longo do círculo, o que cria um espaço seguro para a construção de relacionamentos e para a expressão de sentimentos e opiniões.
Como os facilitadores/mediadores do círculo devem atuar?
É papel dos facilitadores/mediadores projetar o processo de troca de ideias no círculo, relembrando seus passos e fazendo as perguntas planejadas anteriormente – quando se desenhou o círculo –, além de participar como todos os outros envolvidos no círculo.
Dependendo do objetivo do círculo, eles podem falar primeiro em uma rodada para modelar a resposta ou modelar o tipo de compartilhamento.
Também podem falar ao fim da rodada para evitar influenciar a discussão.
Em raras ocasiões, podem falar sem o bastão de fala, mas apenas por motivos relacionados ao processo, não para falar sobre o conteúdo ou para comentar o que alguém disse.
Em que situações os círculos restaurativos costumam ser usados?
Eles podem ser usados em qualquer ambiente e com pessoas de qualquer faixa etária para:
- construir relacionamentos baseados no respeito mútuo;
- apoiar um indivíduo que passa por problemas ou sofrimentos graves;
- favorecer a discussão de um tema importante para o grupo;
- tomar decisões coletivamente;
- resolver conflitos (entre duas pessoas, em um grupo).
O que você achou da proposta dos círculos restaurativos?
Essa prática tem sido utilizada com sucesso em numerosas escolas ao redor do mundo. Ela promove uma mudança fundamental: tirar o foco de uma justiça retributiva, baseada em punições, para uma justiça restaurativa, baseada na corresponsabilização. Vamos ver mais sobre isso na próxima atividade.
Quer saber mais sobre os círculos restaurativos?
Indicamos a leitura do livro Processos circulares de construção de paz, de Kay Pranis, Editora Palas Athena, 2010.